Não é novidade que estamos em um momento de muitas adversidades em decorrência do controle da COVID-19. E, nestes dias de confinamento, observamos a crise e a dificuldade de muitas empresas em se adaptarem com a enorme redução da atividade econômica. O impacto total vai além da mensuração de fatores financeiros. Estamos falando do sentido do trabalho e da ética empregada no gerenciamento de cenários de crise diante das práticas de flexibilização compulsoriamente vivenciadas agora por diversos trabalhadores e trabalhadoras. Mesmo com avanços tecnológicos que facilitam o desenvolvimento das atividades, o emprego das práticas remotas de trabalho não é passível de aplicação a todos os setores econômicos e, portanto, não atingem ainda parcela dos trabalhadores e trabalhadoras. Um dos casos é o setor de serviços, por exemplo, depende que o trabalhador e a trabalhadora empregue diretamente sua força de trabalho, envolvendo por vezes, a própria força física do trabalhador. Vendo por este ponto de vista, é inevitável constatar que a epidemia expõe mais estes trabalhadores, cujos vínculos de trabalho são frágeis, como faxineiras, pedreiros, motoboy, secretárias, terceirizados, copeiras, mordomos, babás, diaristas entre outras funções "invisíveis".
A estratégia de isolamento, colocou em xeque o compromisso da sustentabilidade e o fortalecimento destes discursos. Na verdade, queremos provocar uma reflexão para você, profissional de RH, gestor de pessoas, líder, consultor(a), empresário(a): não podemos ignorar o cuidado com trabalhadores e trabalhadoras que não tem com quem deixar filho, muito menos deixar de trabalhar. Isolar e tomar todas as medidas para home office não exclui o compromisso que a empresa tem para com a sociedade em orientar seus colaboradores de reproduzirem estes cuidados dentro de suas casas e, principalmente, com demais prestadores de serviços, como diaristas ou domésticas.
Quando se fala nesta responsabilidade social, é essencial que órgãos de fiscalização, gestores de contratos cobrem este compromisso social das empresas contratadas/terceirizadas. Seja por programas de Compliance, de gestão de riscos ou não, a conduta ética e respeitosa com trabalhadores está além de indicadores econômicos.
A sugestão é de que enxerguem a Gestão de Pessoas como também uma ciência que envolve, entre outros fatores, o cuidado ético da cultura organizacional da empresa. Neste momento de muitas transformações, já é hora de irmos além do ofurô corporativo.
No mais, colegas navegantes, nós da empresa Trabalho no Divã buscamos de várias formas assessorar nossos clientes para enfrentar esse momento que requer manejo sobre seus colaboradores de forma eticamente sustentável, mas relações que sejam efetivamente mais humanas. Afinal, estamos otimistas na superação desta pandemia. E então, como será o dia seguinte daquela empresa que agiu de determinada maneira na crise?
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